Os desafios da gestão escolar na Era do Conhecimento
Escrito por Ilona Becskeházy
Para usar o cérebro no processamento de conhecimento adquirido e, com isso, produzir novas ideias, solucionar problemas cada vez mais complexos e deixar um legado mínimo no mundo e também para subir na vida, primeiramente é preciso ter um que funcione. E muito bem. Isso significa que, desde a mais tenra idade, esse órgão deve ser corretamente estimulado para criar um sistema competente de sinapses juntamente com um arcabouço emocional que trabalhe a favor da sua permanente provocação.
A segunda parte da equação é o conhecimento em si, pois seus componentes precisam estar no cérebro para que este possa processá-los. Portanto, é preciso também desde cedo acumular na caixola não só quantidades industriais de informações variadas, mas aprender a relacioná-las e reformulá-las utilizando lógicas e linguagens igualmente variadas, como a matemática, a física, a biologia, a literatura e a arte.
Sorte de quem tem uma boa escola para proporcionar, em um estágio precoce da vida e de maneira estruturada, as duas oportunidades: aprender a usar o cérebro e acumular elementos de conhecimento com diferentes formas de empregá-lo. Este então é o desafio das escolas do Brasil na Era do Conhecimento: fazer com que os alunos percebam que têm massa cinzenta entre suas orelhas, que ela precisa ser estimulada para não atrofiar e lhes oferecer experiências de aprendizado convincentes de que vale a pena turbinar essa parte do corpo acima de todas as demais.
Quem escolhe os desafios de cada instituição e desenha as formas de vencê-los são os gestores. Assim, não importa se o gestor é o ministro da Educação, o secretário Estadual de Educação ou o diretor de Escola, pública ou privada. Daqui para frente, todo gestor da área de educação no Brasil precisará buscar metas de aprendizagem muito mais ambiciosas para seus alunos e implementar operações escolares com altos padrões de eficácia e eficiência.
De onde tirar as metas altas? Não dá tempo de reinventar a roda ou de plantar jabuticabas, vamos aprender com quem já fez. Mais uma vez, sem surpresas, vamos aos países industrializados, pelo menos aqueles que têm conseguido fazer a maioria de seus alunos operar em expectativas cognitivas mais gulosas: Austrália, Canadá, Portugal e Cingapura, por exemplo.
Depois, os gestores terão de garantir que os professores estarão aptos a materializar essas metas em salas de aula. Podemos achar que dar tablets para os alunos e nos livrar dos incômodos intermediários é uma boa ideia, mas prefiro deixar os gestores pensarem por cinco minutos.
Há alunos que precisarão de apoio extra dentro e até fora da escola, é essencial reconhecer isso para não desperdiçar cérebros ou deixá-los florescer no “lado negro” da força. O apoio tanto pode ser algumas horas de tutoria, com uma merenda reforçada, como um assistente social para apoiar a família. Tanto faz. Está na hora de reconhecer que as escolas não operam sozinhas. Obviamente que metas para além do ordinário dependem de condições de ensino e materiais de apoio de acordo. É preciso prever não só o orçamento, mas a logística que garanta cada item no lugar certo e na hora certa.
Fazer tudo isso funcionar dá quase o mesmo trabalho que cada ministro, secretário e diretor já estão dispostos a enfrentar hoje. A questão é a vontade política para exigir mais dos professores, dos alunos e da própria sociedade. Para esse desafio é que não sei se estamos prontos.
Fonte:http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/colunistas-ge/ilona-becskehazy/1213-os-desafios-da-gestao-escolar-na-era-do-conhecimento
acessado em 22/10/2015
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