segunda-feira, 23 de maio de 2016

Desempenho docente


A aprendizagem do aluno é um processo diretamente ligado a três instâncias: a ação do aluno, a ação do professor e a ação da escola. Quando o aluno não aprende, podemos dizer que essas três instâncias dividem a responsabilidade. A ação do aluno pode ser gerida por meio do processo de avaliação da aprendizagem, que visa, em um primeiro nível, detectar o que foi aprendido. A ação do professor é objeto do processo de avaliação do desempenho docente, que tem em sua essência o objetivo de detectar o quanto as atitudes do professor potencializam ou não a aprendizagem do aluno. Por fim, a forma de funcionamento da escola é outro fator corresponsável pela aprendizagem do aluno. Avaliar a efetividade dos processos que compõem a escola e a maneira como eles se inter-relacionam é o principal foco da avaliação institucional.  O gestor escolar precisa estar atento à gestão dos três níveis de avaliação e deve construir um plano de execução e acompanhamento de cada instância. Especial atenção, porém, deve ser dada à avaliação do desempenho docente, em razão da complexidade dos elementos envolvidos e das relações que o compõem.
 Avaliar o desempenho de professores não é tarefa fácil. Alguns países (poucos), por já terem construído uma história de tentativas e aperfeiçoamentos,  lograram algum êxito no que diz respeito à composição e gestão do processo. Algumas lições importantes podem ser aprendidas com base nas experiências mais efetivas e compor um conjunto de atitudes e ações recomendáveis a um processo de avaliação do desempenho docente, ao qual os gestores educacionais devem estar atentos ao implementarem esse processo.
A primeira questão diz respeito à utilização do rendimento dos alunos como parâmetro exclusivo de avaliação do desempenho docente. Já sabemos que a aprendizagem do aluno depende de diversas variáveis, entre elas o repertório cultural com o qual chega à escola, que, por sua vez, está ligado ao nível socioeconômico. Outra variável é a infraestrutura e a disponibilização de recursos de aprendizagem. A ação do professor é a principal variável da aprendizagem do aluno, mas está longe de ser a única. Outra questão fundamental refere-se à utilização de vários instrumentos de avaliação. Entre os que se mostram efetivos, destacam-se a avaliação entre pares, em que um professor acompanha e avalia a ação de outro; a observação de aulas pelo coordenador pedagógico; a elaboração de portfólios e planos de aula; a análise de aulas filmadas e a elaboração de planos de aperfeiçoamento. A experiência mostra que conjugar vários instrumentos é essencial para uma avaliação mais justa.
Um componente fundamental da avaliação do desempenho docente é estabelecer a participação dos avaliados na definição de critérios e metas. Esse passo é essencial para que o corpo docente apoie a avaliação, encarando-a como uma oportunidade pedagógica, e não como uma ameaça. A condução do processo deve ser transparente e os resultados precisam alimentar uma estrutura de apoio e formação continuada. Somente dessa forma os professores não se sentirão ameaçados e os comportamentos de resistência serão minimizados. Outros cuidados essenciais a serem considerados são evitar que a atividade seja percebida pelos professores como um mecanismo de controle e levar em consideração o contexto vivido pelos docentes, além de suas experiências bem-sucedidas já realizadas. O gestor escolar precisa se apoderar da gestão desse processo, encarando a avaliação do desempenho docente com a devida seriedade e o cuidado que a atividade exige, pois disso depende a efetividade da melhoria contínua da ação docente na escola, o que somente ocorrerá se os resultados forem colocados a serviço da melhora do desempenho.

Fonte:http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/reportagens/entrevistas/1456-a-gestao-da-avaliacao-do-desempenho-docente
acessado em 23/05/2016

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Planejamento da escola: Diretor e Coordenador Pedagógico

10 assuntos que não podem faltar na agenda da dupla gestora

Pelo menos uma vez por semana, diretor e coordenador pedagógico precisam se encontrar para falar sobre o planejamento da escola. Veja quais são os temas mais importantes a tratar

Aurélio Amaral (gestaoescolar@fvc.org.br)

Reuniões de formação acompanhadas de perto. Foto: Tamires Koop
Reuniões de formação acompanhadas de perto Na EMEF Décio Martins Costa, em Porto Alegre, a diretora, Clarice Mezzomo (em pé), as orientadoras pedagógicas e as supervisoras se reúnem toda segunda-feira, desde 1999, para discutir o acompanhamento das atividades, avaliações e estratégias de ensino. É feita uma ata de registro e as informações são organizadas em fichas. Com base nelas, a equipe replaneja o bimestre e define o foco do conselho de classe. "Como o trabalho de coordenação envolve muitas pessoas, nessas reuniões afinamos o planejamento geral e o plano de formação dos professores", explica a diretora.
Nos corredores, no pátio ou na sala dos professores, diretor e coordenador pedagógico se encontram todos os dias. Nessas ocasiões, trocam comentários sobre o que está acontecendo no momento na escola, tratam de problemas pontuais e até decidem sobre alguma questão rapidamente, ali mesmo, em pé. Porém essas conversas breves não podem ser a tônica do contato entre os dois. Para assumirem definitivamente o papel de gestores que lhes cabe, os educadores que ocupam essas funções precisam se corresponsabilizar pelos rumos do ensino oferecido na unidade, discutirem os problemas e, juntos, encontrarem as soluções.

Para tanto, é interessante reservar um horário específico para que eles possam se sentar com calma, analisar os dados da escola e empreender as iniciativas necessárias. As reuniões periódicas entre a direção e a coordenação pedagógica são a maneira mais profissional de consolidar essa relação.

Mas por que toda essa formalidade? Ela é necessária? Sim, pois os encontros marcados - o recomendado é que eles aconteçam, no mínimo, uma vez por semana, de preferência em dias fixos - dão importância à parceria entre os gestores, ajudam a otimizar o tempo e impedem que assuntos de menor importância se sobreponham aos mais relevantes - que devem estar na pauta das reuniões. "Sem essa rotina, os imprevistos acabariam preponderando e as interrupções no dia a dia seriam tantas que não sobraria tempo para cumprir as atividades planejadas. E, no improviso, a discussão não adquire profundidade", argumenta Débora Rana, selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 na Categoria Gestor, e formadora de professores e coordenadores pedagógicos do Instituto Avisa Lá, em São Paulo.

Assuntos a tratar é que não faltam - como você vai ver nesta reportagem. Juntamente com consultores e duplas gestoras que já vivenciam uma rotina em comum, selecionamos os dez principais temas que devem estar sempre presentes na agenda conjunta desses líderes. Conheça também a história de algumas equipes que conseguiram planejar com mais clareza as ações pedagógicas para a escola depois de instituir o hábito de se reunir com frequência.

1 Organização do calendário escolar
Esse é um dos principais tópicos da pauta das reuniões, já que é preciso organizar a rotina interna, adequando as semanas de provas, as reuniões de pais, a entrega das notas e as finalizações dos projetos didáticos ao calendário fixado pela Secretaria de Educação. Vale lembrar que o planejamento dos professores para cada turma depende dessas definições. Durante as conversas semanais entre direção e coordenação, verifica-se se o cronograma está em ordem ou se é preciso revê-lo. Caso um feriado ou um programa de formação externo coincidam com um encontro pedagógico semanal, uma data alternativa será escolhida. Ela precisa se encaixar tanto no planejamento elaborado pelo coordenador como na organização do uso dos espaços - supervisionada pelo diretor.
2 2 Revisão do projeto político-pedagógico (PPP)
Esse documento - que traz os objetivos da instituição e os meios para alcançá-los - pressupõe uma revisão periódica. Uma ou duas vezes por ano, o assunto entra na pauta dos gestores para que eles identifiquem os passos seguintes para alcançar as metas e planejem as assembleias para debater as mudanças (como será a participação da equipe, como tornar o debate mais produtivo, o número de encontros etc.). E, depois de tudo isso, é preciso ainda definir quem vai formalizar e supervisionar as alterações no documento.

Equipe grande exige mais organização

Equipe grande exije mais organização. Foto: Raoni Madalena
Equipe grande exije mais organizaçãoNa EE Nidelse Martins Almeida, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, as decisões eram tomadas à medida que as demandas surgiam. Até porque, com uma equipe pequena, não era difícil conciliar horários com pouca antecedência. Porém, a partir de 2008, quando o grupo foi ampliado, isso ficou impossível. A diretora Maria Helena Guedes (em pé) percebeu que era preciso instituir um dia fixo para as reuniões: "Hoje, preparamos as formações, fazemos um balanço da semana anterior e checamos se as atividades previstas exigem ajustes".
3 Análise de resultados dos alunos
O desempenho dos estudantes norteia as ações da escola, por isso o tema vai estar sempre presente nas reuniões. O coordenador deve sistematizar em tabelas os resultados de avaliações internas e externas, o aproveitamento dos alunos nas atividades em sala e o progresso das turmas em um período e, em seguida, analisá-los com a direção. "O diretor está mais atento a questões extraclasse e esse olhar pode indicar novas soluções para um problema", diz a coordenadora Mônica Guerra, da Associação Parceiros da Educação, em São Paulo.
4 Elaboração de projetos institucionais
A escolha dos temas e das abordagens dos projetos está diretamente vinculada ao item anterior e à análise criteriosa que os gestores devem fazer para que as iniciativas estejam em consonância com as orientações do PPP. Ideias vindas da equipe ou dos professores, que colaborem para que os objetivos da escola sejam atingidos, podem ser integradas ao cronograma pela coordenação e ao planejamento da direção, que deverá prever os materiais necessários para a concretização das propostas. Se uma delas, por exemplo, previr atividades no contraturno, a equipe gestora terá de checar se existe sala vaga ou um espaço adequado e se é preciso ter um professor presente ou se um monitor dá conta de acompanhar os estudantes. A finalização do projeto, igualmente, demanda decisões conjuntas sobre a exibição da produção dos alunos e a participação da comunidade.
5 Formação dos professores em serviço
Esse assunto também costuma figurar na maioria dos encontros. Como responsável pela formação de professores, o coordenador pedagógico detecta rapidamente as necessidades da equipe docente - o que pode ser percebido inclusive com a análise dos resultados dos alunos. "Os registros dos professores e dos próprios coordenadores, feitos durante as observações das aulas, dão uma base mais concreta à tomada de decisão da dupla", explica Silvana Tamassia, consultora educacional e formadora na Fundação Lemann, em São Paulo. Muitos diretores até participam de reuniões dos formadores com os professores, mas isso não é obrigatório. O importante é que os gestores estejam de acordo com o foco definido, decidam como atender às necessidades de trabalho do coordenador pedagógico, providenciem um espaço específico, disponibilizem projetores de vídeo e busquem apoio junto à equipe técnica da Secretaria da Educação.

Em sintonia com a rede de ensino

Em sintonia com a rede de ensino. Foto: Diana Abreu
Em sintonia com a rede de ensino Até 2009, qualquer informação da Secretaria de Educação era repassada ao quadro docente da EMEI Antônio Roberto Feitosa, em Venda Nova, a 110 quilômetros de Vitória, por intermédio da direção, sem a participação de coordenadores. Isso fazia com que as orientações da rede nem sempre ficassem alinhadas ao PPP, prejudicando a compreensão por parte dos professores. A dupla gestora decidiu, então, sistematizar reuniões semanais e passou a tratar dos assuntos da Secretaria nos encontros de formação. "Hoje, para apresentar um projeto didático, discutimos qual será o foco e procuramos referências de escolas que fizeram ações semelhantes", diz a diretora, Teresa Margarida Hupp (de branco).
6 Diálogo constante com a Secretaria de Educação
As orientações da rede de ensino sobre as políticas públicas devem ser discutidas pelos gestores de cada unidade para que haja consenso sobre como elas serão apresentadas aos docentes e incluídas na pauta de formação. Da mesma forma, as necessidades dos professores que dependam de providências da Secretaria devem ser levadas pelo coordenador ao diretor para que faça a interlocução com a rede. Dessa maneira, ele terá informações mais detalhadas para fundamentar a requisição de, por exemplo, um profissional de Atendimento Educacional Especializado - cuja necessidade fica clara em registros de aulas da equipe docente - ou de cursos de atualização ou extensão, que se mostram importantes para o planejamento da formação elaborado pela coordenação.
7 Preparação do Conselho de Classe
Para essa reunião, que costuma estar na pauta da dupla gestora até quatro vezes por ano, é necessário retomar os registros dos diagnósticos e observar outros dados além das notas, como se os dias letivos do bimestre foram cumpridos. Para que o conselho se torne, de fato, um momento formativo, é essencial partilhar informações, observar as dificuldades institucionais e prever estratégias - quais serão as metas e a quem serão delegadas as missões.
8 Aquisição, uso e conservação de materiais
O que comprar, para que e como usar os materiais pedagógicos são questões que diretor e coordenador terão de responder juntos - e decidir também. Por isso, esse tema reaparece a cada nova demanda. O coordenador identifica as necessidades dos alunos e avalia o que precisa ser adquirido com mais urgência. Para evitar desperdício ou subutilização, os recursos - os adquiridos com verba própria e os recebidos pela rede - têm seus usos planejados nas reuniões da equipe gestora, garantindo que todos os alunos tenham acesso a eles. "Não se forma leitores com a biblioteca fechada", argumenta Neurilene Martins, coordenadora pedagógica do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep).

Decisões administrativas a favor da aprendizagem

Decisões administrativas a favor da aprendizagem. Foto: Raoni Madalena
Decisões administrativas a favor da aprendizagem Quando foi inaugurada, em 2009, a EMEF Conjunto Habitacional Sítio Conceição II, em São Paulo, pedia alguns reparos. Era preciso pintar paredes, trocar o piso e adquirir materiais. Graças aos encontros semanais com a coordenação pedagógica, o diretor, Anderson Adelmo, conseguiu identificar as prioridades de investimento para garantir o conforto na sala de aula. "Assumimos um espaço antigo e, para mim, a troca das lousas parecia ser o mais urgente. Mas, nas reuniões com os docentes, a coordenação apurou que os alunos se desconcentravam muito pela luz forte da tarde que entrava pela janela. Decidimos, então, comprar cortinas", conta Anderson.
9 Articulação com as famílias
Das reunião de pais às festas na escola, tudo passa pelo crivo da direção e da coordenação pedagógica - atentos sempre para saber se os eventos cumprem a finalidade de envolver a família na aprendizagem dos filhos e de divulgar o PPP. As reuniões de pais pedem uma atenção maior, pois é preciso decidir os assuntos a discutir e como abordá-los. Que pontos do currículo, e fora dele, devem ser debatidos? "Temas sem relação direta com o aprendizado, como drogas e violência, que são de interesse dos pais, podem influenciar o processo de ensino", relata Regina Giffoni Brito, professora da pós-graduação do departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
10 Mobilização dos segmentos escolares
Ao liderar os profissionais que trabalham na instituição, o diretor torna-se responsável por criar um fluxo de comunicação com cada segmento. O coordenador pedagógico, por acompanhar a prática docente, traz detalhes sobre a motivação e o desempenho dos professores, enriquecendo o repertório do gestor para dar devolutivas consistentes ao grupo. A pauta dos encontros com os funcionários, quando preparada pelo diretor e o coordenador, ganha um viés formativo. "Discutir as refeições com as merendeiras é também falar de alimentação saudável, um tema curricular. Daí a importância da articulação entre o administrativo e o pedagógico", diz Heloísa Lück, diretora do Centro de Desenvolvimento Humano Aplicado (Cedhap), em Curitiba.
Quer saber mais?
CONTATOS
Débora Rana

EE Nidelse Martins Almeida, escola.nidelse@gmail.com, tel. (11) 4186-7728
EMEF Conjunto Habitacional Sítio Conceição II, emefchsitioconceicao@prefeiturasp.gov.br, tel. (11) 2555-2667
EMEF Décio Martins Costa, emefdeciocosta@smed. prefpoa.com.br, tel. (51) 3347-2935
EMEI Antônio Roberto Feitosa, tel. (28) 3546-3941
Heloísa Lück
Mônica Guerra
Neurilene Martins
Regina Giffoni Brito
Silvana Tamassia

BIBLIOGRAFIA
Educação para o Conviver e a Gestão da Aprendizagem
, Regina Lúcia Giffoni Luz de Brito (org.), 289 págs, Ed. Appris, tel. (41) 3053-5452, 45 reais

Fonte:http://gestaoescolar.abril.com.br/aprendizagem/10-assuntos-nao-podem-faltar-agenda-dupla-gestora-677027.shtml?page=0

Acessado em 18/05/2016

quinta-feira, 12 de maio de 2016

O papel do gestor na inclusão

O papel do gestor na inclusão


O diretor ocupa uma posição de destaque na condução de sua unidade, e suas atitudes perante essa questão serão determinantes para toda a equipe.
Em primeiro lugar, é fundamental ressaltar que devemos favorecer a inclusão e a integração dos alunos com deficiência, diante de condições que nem sempre são as mais adequadas. Negar a matrícula de um aluno é crime passível de denúncia e punição.
No Brasil, o movimento de inclusão surgiu a partir do final da década de 1980 e início da década de 1990, com o objetivo de fundir o ensino especial com o regular. Porém, só passou a ser discutido efetivamente após a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, realizada em Salamanca (1994). Nesse evento, nós firmamos o compromisso com outros países de reformular o sistema de ensino, visando à garantia da inclusão, por meio do acesso ao universo da escola comum.
“A escola é, por excelência, espaço promotor de desenvolvimento, aprendizagem e inserção social de todas as crianças. Prepará-las para viver em grupo e usufruir de seus direitos de cidadão de forma ética é responsabilidade de toda a sociedade, e não apenas das famílias e dos professores, sobretudo, em se tratando daquelas que, por algum motivo, se encontram em situação de desvantagem. Construir na escola um ambiente onde a presença da diversidade seja o reflexo da sociedade onde ela se insere, considerando as diferenças como aspecto enriquecedor no processo formativo de cada um; este sim é o grande desafio de nossa comunidade educativa”. Quem disse isso foi Maria da Paz de Castro Nunes Pereira, orientadora de práticas inclusivas na Escola da Vila, em São Paulo.
A inclusão é um desafio constante, para o qual não existe uma única solução. Cada caso é um caso, cada aluno é um aluno. O desafio, então, é conseguir adequar a escola para a inclusão de pessoas que podem apresentar diferentes características, que pedem diferentes adaptações. O MEC aprova recursos financeiros para ações de acessibilidade física, como rampas, sinalização tátil em paredes e no chão, corrimões, portas e corredores largos, banheiros com vasos sanitários, pias e toalheiros adaptados e carteiras, mesas e cadeiras adaptadas. É fato, porém, que há um grande descompasso entre a demanda e a disponibilização dos recursos. Vale ressaltar as importantes conquistas obtidas por muitos municípios deste país, como as salas de recursos, a contratação dos professores de apoio e de intérpretes, as adaptações que viabilizam o acesso à escola e aos conteúdos e programas de formação de docentes.
Sabemos que promover a inclusão é uma luta árdua e cheia de percalços, mas devemos tomar cuidado para que o discurso da impossibilidade não inviabilize o direito ao conhecimento, à interação, à experimentação como todos os outros sujeitos da escola.

Diferenciais da escola X custos

Diferenciais da escola X custos

Escrito por Vinicius Boreki
Há diversas equações de difícil resolução na gestão de empresas. Cada negócio e setor contam com suas próprias particularidades. Especificamente no universo da educação, é preciso criar diferenciais que convençam os clientes (pais ou estudantes) a apostarem em uma instituição de ensino em detrimento de outra. E, embora seja necessário terminar os meses no azul, o corte de custos costuma afetar justamente os principais argumentos perante a concorrência: os diferenciais de cada instituição. Não à toa, para seis em cada dez gestores administrativos de escolas, a “conciliação entre os diferenciais e seus custos” está entre os principais motivos de preocupação para 2016. Foi o que revelou o estudo O cenário da gestão escolar no Brasil, realizado em agosto de 2014 pela Comunidade Internacional de Cooperação na Educação – Mind Group, que contou com a participação de gestores de instituições de ensino de 19 estados do Brasil. Na pesquisa, a dificuldade para obter equilíbrio na busca por diferenciais obteve 23% dos votos dos administradores, atrás apenas do receio da inadimplência, que somou 26% dos votos.
Francisco Antônio Serralvo, diretor e professor da Faculdade de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (FEA/PUC-SP), que desenvolve estudos sobre o comportamento do consumidor, salienta que a educação é um dos campos que costuma enfrentar mais dificuldades em momentos conturbados da economia. “As pessoas acabam tendo que reduzir seus orçamentos e, infelizmente, a educação, em muitos casos, entra nessa lista de cortes. Embora devam ser encarados como investimento, e não como despesa, no geral, os estudos são deixados de lado por absoluta falta de condições de compor o orçamento doméstico com eles”, explica Serralvo. Por esse motivo, ele considera prudente a preocupação dos gestores das escolas em relação à necessidade de manutenção dos diferenciais a um custo acessível, tentando encontrar o equilíbrio de gestão nesse momento de instabilidade na economia nacional. “Não há dúvida de que estamos em novos tempos. As instituições privadas estão tendo que se adaptar a uma nova realidade de menos recursos disponíveis na sociedade. Trata-se de uma preocupação concreta com algo que já afeta o desempenho econômico das instituições e sobre a qual não se vislumbra perspectivas de melhora em médio prazo”, analisa o professor.
Avaliação da concorrência
Outro aspecto que precisa ser avaliado pelos gestores, na opinião de Serralvo, é o posicionamento da concorrência, o que interfere diretamente no mercado. “De maneira geral, o consumidor modula seu processo decisório tomando como base a premissa do ‘custo X benefício’. Portanto, quanto melhor o resultado dessa equação, maior a atratividade da instituição de ensino”, esclarece, lembrando sobre a importância de acompanhar a evolução do mercado para tomar decisões. Além disso, o diretor ressalta que a educação está sujeita aos critérios subjetivos adotados pelos pais, visto que se trata de um serviço intangível – ou seja, de difícil mensuração e comparação –, o que exige ainda mais esforço de cada instituição e reduz a possibilidade de oferecer uma receita única como solução.
Análise dos serviços
Em administração, a conta é simples: se não é possível aumentar a receita, é necessário reduzir custos. Alguns dos aspectos a serem levados em consideração pelas instituições de ensino são a análise dos serviços oferecidos e se há algum aspecto específico que realmente se trata de diferencial ou de tendência rápida, que desaparecerá com o tempo (e que, portanto, pode ser cortado caso a economia seja necessária). Por isso, segundo o especialista, o ideal é que se faça uma avaliação dos serviços ofertados e verifique-se se há necessidade em manter tudo que atualmente é oferecido. Para isso, deve-se focar especialmente no tipo de mensagem que esses serviços agregam à escola e se estão criando, efetivamente, diferenciais.
Qualidade de ensino
É importante lembrar que, embora criatividade, novas possibilidades e conhecimentos sejam vistos como diferenciais, o principal atrativo de uma escola é a qualidade do ensino. Nesse sentido, o corte de professores – apesar de ser uma redução de custos – pode não ser a melhor opção. “Aumentar o número de alunos em sala de aula – outra possibilidade – é um caminho tão ruim quanto reduzir os professores. A maneira mais usual é buscar agregar a prestação de serviços na área educacional”, afirma diretor. “São medidas que ajudam na composição de resultados”, complementa.
Demanda da clientela
Outro ponto destacado pelo professor é compreender os aspectos mais buscados pelos pais e pelos alunos e incorporá-los ao serviço. “A melhor preparação sempre será aquela que consegue conciliar conhecimento com competência – entendida, aqui, como capacidade de realização. Logo, a demanda latente na área de ensino é a capacidade da instituição de colocar profissionais competentes no mercado”, diz Serralvo. Ele sugere que a mensagem passada pela escola a fim de convencer os pais esteja focada nos critérios usados por eles para a escolha, algo que pode ser identificado por meio de pesquisas presenciais ou e-mail.
Dicas para conciliar diferenciais e custos na escola
A Comunidade Internacional de Cooperação na Educação – Mind Group – sugere algumas dicas para os gestores enfrentarem os problemas relacionados à conciliação dos diferenciais da escola e de seus custos. Veja-as a seguir.
- Identifique seus diferenciais –realize pesquisas com pais, seja por e-mail, seja presencialmente, e busque identificar quais aspectos são levados em conta e considerados atrativos;
- Concentre os esforços –seguindo a linha de “fazer mais com menos”, concentre seus esforços nas ações e nos serviços identificados como pontos fortes de sua instituição;
- Diferenciais podem minimizar despesas – dê prioridade a diferenciais que ofereçam benefícios tanto aos alunos quanto, se possível, a outros âmbitos da instituição;
- Benefícios duradouros –os investimentos devem gerar benefícios duradouros, por isso, na hora de apostar em gerar diferenciais, evite esforços de impactos imediatos ou modismos, pois geralmente a percepção de valor dessas iniciativas cai rapidamente.

Fonte:http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/especiais/negocio-educacao/1425-diferenciais-da-escola-x-custos
acessado em 12/05/2016