sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Plano de Sequência Didática: INTERVENÇÃO DISCIPLINAR ESCOLAR

Plano de Sequência Didática

INTERVENÇÃO DISCIPLINAR ESCOLAR: A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA NA APRENDIZAGEM
Flavio Cesar Franco Nascimento

Objetivos
Promover uma mudança de olhar em relação à indisciplina, no âmbito escolar  e suas possíveis causas, bem como propor ações para amenizar o problema estudando conceitos de desenvolvimento moral e ético e adotando-os como conhecimento necessário ao processo educacional. Além disso:
  •    Estimular a equipe pedagógica a refletir sobre a própria postura;
  •    Promover palestras de sensibilização de escola, pais e comunidade local;
  •   Organizar grupos de estudo para estudar os problemas de indisciplina e descobrir os fatores que contribuem para o aumento dela;
  •    Verificar qual a metodologia de trabalho utilizada para lidar com os problemas de indisciplina na sala de aula;
  •   Estimular a coletividade, autonomia e habilidades de cada aluno, utilizando os materiais disponíveis no recreio dirigido;
  •    Trabalhar regras de convivência nos momentos dos jogos de recreação;
  •    Contribuir para que a escola se torne um espaço prazeroso de se conviver
  •    Melhorar o relacionamento e o convívio entre os alunos. 

Conteúdo curricular
Disciplina Escolar

Série ou ano escolar
5º ano ao EM.

Tempo Estimado
4 meses.

Material Necessário
Computador para confecção de materiais, textos, questionários, palestras, etc; vídeo projetor, caixa de som e microfone, utilizados nas palestras e reuniões, mostrando vídeos, musicas, slides; jogos gigantes em lona para o momento do intervalo, compondo o recreio dirigido; carro para visitações, máquina fotográfica, entre outros.

Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Daniele. À beira do caos. Nova Escola, n. 218, p. 84-87, dez. 2008.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação do temas transversais ética. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, MEC/SEF, 1997.v. 8.
CASASSUS, Juan. O clima emocional é essencial para haver aprendizagem. Revista Escola, n. 218, p. 28-32, dez. 2008.
FERNANDES, Celina. Revista Escola, n. 222, p. 34, 2009.
GROPPA, Julio Aquino (Org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 2. ed. São Paulo: Summus, 1996.
______. Violência na escola, violências da escola. Nova Escola, n. 152, p. 22, maio 2002.
LA TAILLE, Yves de. A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: GROPPA, Julio Aquino (Org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 2. ed. São Paulo: Summus, 1996. p. 9-24.
LEVISCHI, Beatriz. De portas abertas para a sociedade. Nova Escola, n. 1, p. 31-37, ago. 2008. Edição especial.
MALDONADO, Maria Tereza. Comunicação entre pais e filhos: a linguagem do sentir. 8. ed. Petrópolis:  Vozes, 1986.
REGO,T.C.R.; A indisciplina do ponto de vista dos professores e dos alunos. In: Aquino, J.G (org ). Indisciplina na Escola.11 ed. São Paulo: Summus, 1996.p 87 et seq.
REPULHO, Cleuza. Assim não dá! Culpar a família pelo desempenho do aluno. Nova Escola, n. 222, p. 30, mai. 2009.
TAYLLE,Y.de L. A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: Aquino, J.G (org ). Indisciplina na Escola.11 ed. São Paulo: Summus, 1996.p 87 et seq.
VASCONCELLOS, Celso  dos S. Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. 7.ed. São Paulo: Libertad, 1996.
VASCONCELLOS, Celso dos S.: Os Desafios da Indisciplina em Sala de aula. São Paulo: Fde, 1997.
VICHESSI, Beatriz. O que é indisciplina? Nova Escola, n. 226, p. 78-89, out. 2009.

Desenvolvimento
Na atual conjuntura a indisciplina é um dos fatores que mais dificulta o desenvolvimento das atividades pedagógicas no âmbito escolar. As causas são diversas e neste sentido a família e a escola estão em constante embate atribuindo uma à outra a responsabilidade pela exposição de regras para as crianças, regras estas que na maioria dos casos chegam até eles como forma de imposição, não levando a uma reflexão uma vez que ele não participou do processo de elaboração das mesmas.
A indisciplina representa um problema a ser pensado sob a perspectiva da gestão escolar, pois se configura como um complicador  ao exercício do trabalho pedagógico. É preciso lançar um olhar diferenciado sobre o problema para que se consiga descobrir em quais momentos ela é mais acentuada e quais fatores sociais, pedagógicos e psicológicos contribuem para que ela aconteça.
É necessário, abordar o tema considerando sua complexidade e os obstáculos que se agigantam no meio do caminho, contudo assumindo cada um sua responsabilidade e comprometendo-se em observar o espaço escolar continuamente, fazer investigações para que a realidade uma vez percebida de diversas formas possa ser mudada. Neste processo faz se necessário trabalhar  a relação professor-aluno estreitando laços, e criando junto com os educandos as regras de convivência do espaço escolar para que se sintam parte de uma organização, de um sistema, de uma instituição.
Com objetivo de mediar este embate e sensibilizar escola, família e comunidade para a responsabilidade de cada um no papel de educador, estamos propondo o seguinte plano de ação. Plano este  que  traz em seu bojo um estudo sobre a Indisciplina no âmbito escolar  e suas possíveis causas, bem como propõe ações para amenizar o problema.

Ação 1:
Organizar grupos de estudo na escola para pensar e repensar as questões da indisciplina, bulling e violência na escola a fim de estarem continuamente engajados na luta contra o problema.
Os grupos terão encontros periódicos a cada mês (escolas de pais, reuniões em sala como mesa redonda) e serão formados pelos professores, pais de alunos e representantes da comunidade, contando com palestras de especialistas como conselheiro tutelar, psicólogos, professores, policiais e outros. Vídeo aulas, leitura compartilhada de textos sobre os temas abordados e projetos que deram certo em outras instituições serão inseridos, levando-os para casa e retornando posteriormente com propostas de atuação ou lendo em grupo e buscando um consenso.

 Ação 2:
Fazer registro de sala de aula “através dos professores” e espaço escolar ”através dos monitores e vice direção”, a fim de perceber qual o foco da indisciplina em cada sala bem como nos momentos de recreação e deste modo trabalhar em cima dos pontos corretos visando um melhor resultado.

Ação 3:
Buscar parceria com Conselho Tutelar, agentes comunitários, psicólogos e assistentes sociais a fim de sensibilizar as famílias e comunidade local para os prejuízos causados pela indisciplina no espaço escolar. Procurando através de palestras, jogos, gincanas e outros eventos aproximá-los mais da escola para que compreendam como funciona o ambiente, suas complexidades e a necessidade de estarem engajados na luta contra o Bulling, a violência e a indisciplina geral e em sala de sula.

Ação 4:
Elaborar e aplicar o Projeto Recreio Dirigido contando com a participação e organização da coordenação, professores e alunos, a fim de tornar o espaço tempo mais ordenado nos maiores momentos de conflitos (em anexo). Tem-se como meta de igual modo através desta ação estimular a coletividade, autonomia e habilidades de cada aluno nos momentos dos jogos e brincadeiras que serão promovidos, além de diminuir a incidência de acidentes.

Ação 5:
Visitar os alunos com dificuldade disciplinar e juntamente com a família e o aluno, montar estratégias de melhoria de atitudes.

Ação 6:
Recapitulação das regras entre os professores e seus alunos (Elas geralmente são construídas no primeiro dia ou semana de aulas, lavrando um documento chamado de acordo didático, para cada turma). O aluno se sente participante do processo de elaboração deste conjunto de regras com seus direitos e deveres explícitos.

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES (estratégias da proposta):
Ações
Envolvidos
Período
Organizar grupos de estudo na escola para pensar e repensar as questões da indisciplina, bullyng e violência na escola
Equipe diretiva
Pais
Professores
Funcionários
julho 2015
Buscar parceria com Conselho Tutelar, agentes comunitários, psicólogos e assistentes sociais a fim de sensibilizar as famílias e comunidade local
Equipe diretiva
agosto 2015
 Fazer registro de sala de aula e espaço escolar a fim de perceber qual o foco da indisciplina
Professores
Equipe diretiva
Funcionários
agosto 2015
Elaborar e aplicar o Projeto Recreio Dirigido contando com a participação e organização da coordenação, professores e alunos
Equipe diretiva
Professores
Alunos
Funcionários
setembro 2015
Visitar os alunos com dificuldade disciplinar
Equipe diretiva
Professores
setembro 2015
Elaboração do acordo didático
Professores
Alunos
Imediatamente

 Avaliação
Por meio de questionários, pedir aos alunos, funcionários e pais que analisem os avanços no processo (em anexo).
Observar a colaboração e inclusão dos alunos, anotar o que foram capazes de realizar sozinhos e em grupo, analisar o quanto cada aluno avançou no trajeto, avaliando a evolução da disciplina em geral e especificamente nas turmas envolvidas.



ANEXOS
Questionário - Alunos
(avaliação disciplinar)

1.Como você avalia a disciplina em sala de aula?
(   )Ótima     (   )Boa     (   )Regular     (   ) Ruim     (   )péssima     (   )não sei responder
2. Como você avalia a disciplina nas aulas ministradas no ginásio ou áreas externas (educação física)?
(   )Ótima     (   )Boa     (   )Regular     (   ) Ruim     (   )péssima     (   )não sei responder
3. Como você avalia a disciplina nas aulas realizadas no Laboratório, Biblioteca ou informática?
(   )Ótima     (   )Boa     (   )Regular     (   ) Ruim     (   )péssima     (   )não sei responder
4. Como você avalia a disciplina nos corredores ou pátio no momento do intervalo?
(   )Ótima     (   )Boa     (   )Regular     (   ) Ruim     (   )péssima     (   )não sei responder
5. Como é o trabalho dos professores para garantir a disciplina em sala de aula?
(   )Ótimo     (   )Bom     (   )Regular     (   ) Ruim     (   )péssimo     (   )não sei responder
6. Como é o trabalho dos monitores para garantir a disciplina nos pátios e no intervalo?
(   )Ótimo     (   )Bom     (   )Regular     (   ) Ruim     (   )péssimo     (   )não sei responder
7. Como você percebe o trabalho da direção para garantir a disciplina em geral?
(   )Ótimo     (   )Bom     (   )Regular     (   ) Ruim     (   )péssimo     (   )não sei responder
8. A disciplina em geral vem melhorando do inicio do ano até agora?
(   ) Sim     (   ) não     (   ) piorou     (   )não sei responder
9. Quais as maiores ocorrências de indisciplina em sua turma?
(   ) Desrespeito com colegas (palavrões, xingamento, bate boca);
(   ) Agressividade (empurrões, socos, tapas);
(   ) Desrespeito com professores e funcionários;
(   ) Danos a Materiais  e objetos de uso coletivo;
(   ) Desinteresse na realização de tarefas e atividades propostas;
(   ) Brincadeiras durante a aula;
(   ) Saída sem permissão;
(   ) Uso de celulares/eletrônicos na sala de aula
(   ) Outros______________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Projeto Recreio Dirigido

Justificativa
O recreio escolar ou intervalo das aulas é um momento presente na vida de todo estudante. Acompanha-o da educação infantil à Pós – Graduação.
Que a hora do recreio é hora do lanche, lazer e descanso, todos já sabem. O grande desafio é fazer deste período um momento lúdico, proporcionar a interação e a integração entre os alunos, construindo assim, as relações sócias- afetivas.
O período do recreio é o momento em que quase todos os alunos se reúnem. Geralmente as brincadeiras de correr, pular e lutar são as preferidas pelos alunos, principalmente pelos meninos, o que ocasionam acidentes e pequenas confusões. No intuito de amenizar esses pequenos incidentes e proporcionar um ambiente mais saudável, o Projeto Recreio Dirigido, visa oferecer brinquedos e atividades lúdicas e mais adequada ao espaço e ao momento.

Objetivo Geral
Conscientizar nossos alunos quais são as ações, atitudes e procedimento mais correto para horário e espaço físico da escola, bem como oferecer atividades lúdicas e brinquedos variados confeccionados com sucatas e lona.

Objetivo específico
  • ·      Criar uma nova cultura de recreio na comunidade escolar.
  • ·     Resgatar as brincadeiras mais saudáveis que não fazem mais parte do repertorio de brincadeiras de nossos alunos atualmente.
  • ·  Promover durante o período do recreio um ambiente fortalecedor e das relações sócias e minimizar os comportamentos agressivos, proporcionando aos alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, momentos de interação lúdica.
  • ·      Contribuir para tornar o espaço mais prazeroso.


Publico alvo
Alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, e 6º ano ao Ensino Médio.

Etapas de desenvolvimento do projeto
1ª Etapa: Sensibilização e conscientização dos alunos sobre o que deve e não deve ser feito no horário do recreio.
 Responsáveis: professores, vice diretor e orientador

2ª Etapa: organização do programa de atividades do recreio.
Responsáveis: vice diretor, coordenador e orientador.

3ª Etapa: implantação do projeto – momento em que as atividades são aplicadas conforme o planejado e onde será avaliado a participação de todos os envolvidos no Projeto e fazendo os reajustes necessários.
Responsáveis: vice diretor, Monitores. coordenador e orientador.

Atividades – Brincadeiras
·         Jogos como: dama, jogo da memória, dominó, pega varetas, elásticos, cordas e outros.
·         Resgate de brincadeiras como: amarelinha, passa anel, pula elástico, brincadeira de roda etc..
·         Além de brinquedos trazidos pelas crianças.

Cronograma
·         2ª feira – Pingue pongue, queimada na quadra
·         3ª feira – jogo da velha, boliche, dama.
·         4ª feira – Corda, elástico e peteca.
·         5ª feira – Pingue pongue, queimada na quadra
·         6ª feira – brinquedos trazidos pelos alunos.

Conclusão
Uma vez implantado o Projeto Recreio Dirigido, espera-se que os alunos mudem os comportamentos agressivos e a correria pelo pátio, incorporando novas posturas/atitudes.



Relação escola-família: uma questão de gestão

Comecemos relembrando ou, quem sabe, esclarecendo o papel da escola e o papel da família como instituições educadoras. Em síntese, a família educa no âmbito privado, individual, e a escola educa no âmbito público, coletivo. É equivocada a ideia tão difundida hoje de que cabe à escola apenas ensinar conteúdos e, à família, educar para a aquisição de posturas e atitudes. Ambas as instituições educam. Cada uma em seu contexto específico. O foco da família é o ser individual, com suas características particulares no desenvolvimento de seus valores e suas atitudes. O foco da escola é o ser em processo coletivo no desenvolvimento de suas características de interação, responsabilidade e participação. A criança e o adolescente precisam ter claras essas diferenças. Em casa, ele pode escolher o lugar onde sentar ou a hora em que fará as atividades. A escola, por ser um ensaio para a vida em sociedade, determina horários, critérios e procedimentos.  Não podemos esquecer, porém, que a educação da família deve possibilitar a educação da escola. Espera-se, minimamente, que a criança chegue à escola em condições de ser educada.
A integração família-escola é essencial para o processo educacional porque não há unanimidade entre as pessoas (nem mesmo grande maioria) em relação ao que é uma educação de qualidade. Algumas famílias podem achar que a rigidez é ingrediente essencial em uma educação de qualidade enquanto outras elegem a liberdade de escolha como tal. Surge, nesse momento, a necessidade de a escola esclarecer detalhadamente às famílias esse conceito. Eis a grande especificidade do “produto” educação. Quem compra muitas vezes não sabe o que significa um produto de qualidade, ao contrário do que acontece com uma geladeira ou uma peça de picanha. Além disso, muitas vezes o “cliente” precisa ser desagradado para que o processo tenha qualidade (repreensões, castigos, notas baixas etc.). Coloque tudo isso em uma balança e pense sobre a real importância de uma boa parceria escola-família.
A escola hoje precisa incorporar um novo papel: o de chamar a família para o diálogo e estabelecer claramente os limites de ação de cada uma. É papel da escola o desenvolvimento de valores e atitudes que viabilizem o trabalho coletivo. A escola é o “útero da sociedade” e, como tal, não pode prescindir dessa tarefa. Os professores não podem esperar alunos dóceis e prontos para receber o conteúdo que consta no currículo. Educá-los com relação aos valores e às atitudes que viabilizam o convívio em grupo é, sim, tarefa da escola e, por tabela, dos professores. É na escola que muitas crianças se deparam, pela primeira vez, com situações coletivas como esperar a vez na fila ou esperar sua vez de falar.
Essa gestão é tão importante que merece planejamento específico e envolvimento de toda a escola. Não estamos falando apenas de calendário de reunião de pais ou de planejamento de festas que envolvam a família. Essas atividades são fundamentais e devem fazer parte do plano, mas é essencial que escola planeje atividades de assessoramento e reflexão sobre o processo educacional dela e a forma de educar da família. Promover discussões de temas como colocação de limites, ensino de valores, uso da internet, desenvolvimento da autonomia, importância e gestão do dever de casa etc. é essencial para se criar uma base intercambiável que torne possível uma educação de qualidade. Ao escolher uma escola para seus filhos, as famílias estão comprando um “título de sócio” de uma instituição que, de maneira clara e convicta, precisa apresentar sua proposta. Ao “vender” o “produto” educação, a escola deve estar consciente de sua responsabilidade de gerir competentemente a relação com esse “cliente” chamado família, por meio de uma relação de parceria bem planejada.
Fonte:http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/colunistas-ge/julio-furtado/1290-relacao-escola-familia-uma-questao-de-gestao
acessada em 30/10/2015

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

As diferenças entre diretor pedagógico e coordenador

As diferenças entre diretor pedagógico e coordenador


Diretor e coordenador precisam trabalhar em sintonia para o bom funcionamento da escola. Foto: Shutterstock
Em Natal, não há mais diretor e vice-diretor na composição diretiva. Agora são dois diretores: um administrativo-financeiro e outro pedagógico. Qual a diferença nas atribuições do diretor pedagógico e do coordenador pedagógico?
Francisca de Azevedo, de Natal, Rio Grande do Norte
Olá, Francisca, como há diferenças entre as redes, consultei a Lei Nº. 6.485 de 28 de agosto de 2014, divulgada no Diário Oficial do Município de Natal em 5/02/2015, para responder a sua pergunta. De fato, o trabalho dos dois, muitas vezes, irá se cruzar. Mas há distinções e particularidades. O diretor pedagógico funciona como uma espécie de maestro, organizando e acompanhando o trabalho de todos os coordenadores da escola, para garantir que tudo o que é realizado siga a mesma linha pedagógica – a definida pelo projeto político-pedagógico (PPP). Ele é responsável, portanto, pela articulação e integração das ações pedagógicas desenvolvidas na escola, independentemente do turno ou do segmento de ensino.
A própria elaboração do PPP deve ser comandada pelo diretor pedagógico, que, no entanto, precisa contar com o coordenador para fazer isto de maneira democrática e colocar tudo em execução por meio de ações práticas.
Também compete ao diretor pedagógico assegurar as condições para o desenvolvimento das atividades programadas no calendário escolar, dentre as quais: reuniões de pais, do HTPC (Horário de Trabalho Coletivo) e com os funcionários; preparação para conselho de classe; realização de reuniões do conselho escolar, organização das avalições interna e externa e definição de prioridades para o uso dos recursos.
Ressalta-se que todas essas ações têm como propósito à aprendizagem dos alunos. E por todas perpassam as bases legais que dão respaldo para o desenvolvimento e concretização do que está previsto no PPP, qualificando a proposta pedagógica da escola e da rede.
O coordenador pedagógico também participa ativamente das reuniões dos conselhos de classe e escolar. Até por conta de sua principal função, que é de preparar e conduzir as ações formativas diretamente com os professores e de fazer a gestão de sala de aula. Para isto terá que elaborar uma rotina de trabalho que favoreça aos docentes momentos em que possam: planejar as situações de aprendizagem para os seus alunos, aprofundar o conhecimento didático estudando; analisar as atividades realizadas em sala de aula e trocar experiências entre seus pares. Estabelecer essa parceria de trabalho com os professores é, também, um exercício fundamental para o sucesso da aprendizagem das crianças e dos jovens.
Podemos concluir, portanto, que o diretor pedagógico articula, viabiliza e acompanha o desenvolvimento das ações no contexto de trabalho, nos diferentes segmentos; e tem o desafio de realizar uma gestão em parceria com o diretor administrativo-financeiro para o bom funcionamento da escola. O coordenador é peça fundamental para colocar em prática tudo que se refere à parte pedagógica.
Fonte: http://gestaoescolar.abril.com.br/blogs/na-direcao-certa/2015/10/14/as-diferencas-entre-diretor-pedagogico-e-coordenador/
acessado em 29/10/2015

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

integração do docente novato

Seja bem-vindo!

Construir espaços para troca de experiências com os demais facilita a integração do docente novato

TEXTO
  • LARISSA TEIXEIRA
     
 DESIGN LUCIA DE MENEZES
 EDIÇÃO ROSI RICO
 COLABORAÇÃO KARINA PADIAL

Coordenadores (em pé) acompanham formação com os recém-chegados, em escola de São Paulo. Foto: Ricardo Toscani
Aentrada de um novo integrante é sempre  um desafio para qualquer equipe. Seja um docente iniciante, seja alguém mais experiente que está trocando de escola, a adaptação ao ambiente pode trazer dificuldades.
Em um estudo realizado na rede municipal de Joinville, a 176 quilômetros de Florianópolis, a pesquisadora Márcia de Souza Hobold identificou as questões enfrentadas pelos que estão ingressando na profissão. Segundo ela, que é professora da Universidade da Região de Joinville (Univille), as principais queixas referem-se à falta de um espaço de troca de experiências, para que os recém-chegados possam entender o funcionamento e a política da instituição, e de uma formação continuada específica para eles. 
Outro problema apontado é que muitas vezes os novatos são encaminhados para as salas em que os alunos têm mais dificuldade, justamente aquelas que necessitariam de um educador experiente. "Os docentes chegam a um contexto diferente e precisam lidar com situações complexas, quando ainda deveriam se familiarizar com a cultura da rede e da comunidade", afirma Márcia. Isso ocorre com o iniciante e com quem já lecionou antes, mas precisa recomeçar em outra instituição. 
Uma boa recepção não deveria depender apenas do diretor ou do coordenador, mas também da colaboração das redes municipais ou estaduais. De acordo com Márcia, porém, são poucos os estados brasileiros que possuem algum tipo de programa de acolhimento para docentes em início de carreira, o que aumenta a responsabilidade do gestor para resolver esses dilemas. O que a escola pode fazer, então, para que o educador se sinta integrado e preparado para entrar em sala? 
Para Marli André, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), quem chega tem antes de tudo a necessidade de ser ouvido e respeitado como igual. "Nem sempre esses educadores têm a oportunidade de dizer o que pensam e fazer perguntas. Por isso, a equipe gestora deve propiciar um ambiente de confiança para que eles possam expressar suas dificuldades."

Conhecer o contexto

O primeiro passo é incluir na rotina do diretor e do coordenador pedagógico um tempo para receber esse novo professor. A conversa inicial deve incluir as informações básicas sobre o funcionamento da escola. Depois, pode ser feita a apresentação aos colegas e um passeio para conhecer os espaços, o entorno e o contexto em que a instituição está inserida. Para Márcia, uma opção interessante é levar o recém-chegado para caminhar pelo bairro e conversar com as pessoas da comunidade, caso ele não seja da região.
Outro ponto essencial é mostrar o projeto político-pedagógico (PPP), compartilhando os objetivos e as metas que norteiam o trabalho da equipe. Esse encontro deve englobar questões sobre o funcionamento e as diretrizes da rede, assim como a postura e as atitudes que a instituição espera desse educador. "Os gestores podem fazer reuniões para explicar o que já está estabelecido na escola e envolver os iniciantes no próprio desenvolvimento do PPP", explica Marli.
Essa ação demonstra que o projeto é construído democraticamente. "Ao abrir espaço para que ele seja alterado de forma coletiva, o novato percebe que pode opinar e expressar inquietações", diz Maria Beatriz Pauperio Titton, professora do mestrado em Gestão Educacional da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, a 35 quilômetros de Porto Alegre.
"Os gestores podem fazer reuniões para explicar o que já está estabelecido na escola", Marli André, professora da PUC-SP

Levantar o perfil dos alunos

Antes de iniciar as aulas, o recém-chegado necessita obter informações sobre as classes com as quais vai trabalhar. Na primeira semana, o coordenador pode ajudá-lo a fazer um diagnóstico para traçar o perfil dos alunos, o que será útil na hora de elaborar o planejamento. "É preciso haver uma conversa sobre as características de cada turma. Conhecê-las é importante para adaptar as estratégias, porque o que funciona em uma sala pode não dar certo em outra", aponta Marli. 
Vale também programar um momento com os professores que trabalharam anteriormente com as crianças ou os jovens. Assim, os docentes mais experientes podem compartilhar as particularidades de aprendizagem de cada estudante, a rotina da sala e a organização do ensino, por exemplo. 
Saber mais sobre as características e o contexto social dos familiares é outro ponto. É recomendável marcar reuniões para que o novato conheça os responsáveis por cada aluno e saiba o que eles esperam para a Educação dos filhos.
Novata (no meio) recebe ajuda de outra docente  (à esquerda) e da diretora adjunta, no Rio . Foto: Arquivo Pessoal  

Trocar experiências

As reuniões de formação exigem atenção especial. Para que o docente se sinta um participante ativo e integrado, é papel do coordenador fazer a mediação desses encontros e criar espaços de interlocução entre os novatos e os demais. "No horário coletivo, a equipe gestora precisa ter um protagonismo para garantir a inserção desses professores, favorecendo a troca de experiências", destaca Marli. Segundo ela, podem ser utilizadas estratégias de articulação e diálogo.
Esse intercâmbio pode ser mais eficiente se o planejamento das aulas for feito em parceria. Ao ser colocado com um docente experiente e que já conhece a proposta da escola, o recém-chegado se sente valorizado e mais preparado. Outra iniciativa interessante é organizar uma espécie de tutoria em que, por um tempo, os mais antigos ajudem na adaptação daqueles que estão começando para tirar as dúvidas pontuais. 
As duas medidas são adotadas na EMEF Haydea Vianna Fiúza de Castro, no Rio de Janeiro. Primeiro é feita a apresentação do novo integrante a todos os funcionários e docentes, bem como são mostrados os espaços e os materiais aos quais ele terá acesso. Depois que ele já está familiarizado com o ambiente, o planejamento é realizado em conjunto com o coordenador e com os outros colegas para garantir a troca de ideias. "Nas primeiras aulas, o professor que já conhece as turmas entra em sala de aula junto com o novato, ajudando-o na adaptação à nova rotina", explica a diretora, Patrícia Gomes de Azevedo. 
Outra opção é a estratégia adotada na EEEFM Dona Ana Rosa Araújo, em São Paulo. Depois do período de recepção ? que inclui orientações sobre o PPP e o regimento da escola, além de informações sobre as turmas ?, o próprio coordenador entra em sala, observa o trabalho do professor e, posteriormente, faz um atendimento individual para debater sobre as práticas pedagógicas e realizar as intervenções necessárias. "Essa conversa, porém, não significa fiscalização. É um momento para se criar uma parceria que proporcione uma reflexão sobre o trabalho e a busca da melhoria da aprendizagem dos alunos", diz Ana Regina dos Santos Alberti, coordenadora pedagógica dos anos finais do Ensino Fundamental. 
"Claro que a parceria se dá ao longo do convívio, mas um 
bom começo ajuda", Alberto Trecco, professor da EEEFM Dona Ana Rosa Araújo
Alberto Trecco, professor de Ciências do 6º ao  8º ano, que entrou na escola este ano, acha a atitude importante. "O papo foi uma oportunidade para conhecer melhor a coordenadora com quem iria trabalhar. Claro que a parceria se dá ao longo do convívio, mas um bom começo ajuda ambos, afinal ela também precisava saber o perfil de quem estava chegando à equipe."
Além desses encontros específicos, o novato participa das reuniões de formação para se integrar com os colegas e aprender com suas vivências em sala e também, como os demais, para debater sobre o processo de ensino e aprendizagem. Outra iniciativa, que foi criada para ajudar todos os educadores e pode ser particularmente útil para o professor iniciante, é consultar o Memorial de Boas Práticas Docentes, como é chamado o banco de atividades. Organizado a cada final de ano letivo, esse material ajuda a formar um quadro de referência sobre as práticas pedagógicas de toda a equipe. 
Essas políticas para uma boa recepção, porém, não devem ser restritas apenas aos primeiros meses. "Não adianta acolher o docente e depois deixá-lo sozinho. É preciso fazer um acompanhamento constante, não no sentido de controle, mas de colaboração", completa Márcia.

Fonte: http://novaescolaclube.org.br/revistas/gestao-escolar/41/reportagens/seja-bem-vindo
acessado em 28/10/2015

Hábitos e polêmicas das regras de conduta

Causou grande surpresa nos meios educacionais uma notícia amplamente divulgada pela mídia digital e televisiva, dando conta de um conhecido colégio da capital paulista que teria censurado dois alunos do sexo masculino que compareceram às aulas vestindo saias. No dia seguinte, dezenas de outros estudantes de ambos os sexos chegaram usando o mesmo traje em solidariedade aos colegas, e divulgaram um manifesto escrito em protesto à atitude da direção.
Segundo as reportagens, os alunos teriam sido repreendidos porque a vestimenta iria “contra os costumes”, ainda que as saias fossem longas, e um deles teria sido mandado de volta para casa em dia de aula. Também consta que os alunos do ensino médio naquela instituição não seriam obrigados ao uso de uniforme, e que houve ocorrência semelhante observada semanas antes na USP (Universidade de São Paulo), inspirando o protesto.
Polêmicas à parte, esse fato pitoresco nos leva a uma reflexão mais profunda e isenta: até que ponto a escola e seus dirigentes podem fixar regras de conduta pessoal dos alunos?
É inegável que uma instituição educacional – em especial no ensino básico, que atende prioritariamente crianças e adolescentes – necessita de normas claras para disciplinar o comportamento de seu alunado, até para preservar a segurança deles. Mas ao ditar obrigações relacionadas a hábitos do cotidiano, como a vestimenta, a aparência ou a alimentação, entramos numa questão por demais delicada, que naturalmente suscita dúvidas sobre os limites da liberdade individual, tema de alta relevância em nossa Constituição Federal desde a restauração da democracia em nosso País.
Com efeito, se um pai matricula seu filho em uma instituição publicamente conservadora, a expectativa legítima é de que os ensinamentos ali praticados – que não se limitam às matérias apresentadas em aula e influenciam diretamente na postura e no comportamento das crianças – seguirão maior rigidez e, supostamente, o educando ficará distante de algumas tentações do mundo moderno, sem entrarmos aqui no mérito de serem corretas e legítimas ou não.
Isso deriva também da filosofia de ensino da escola, mas principalmente de seu posicionamento no mercado, ou seja, da maneira como oferta os serviços educacionais ao público. Não por acaso, os alunos citados no início da matéria alegaram em reportagem que aquela escola divulga ser flexível com os costumes em seu material publicitário, o que teria aumentado a revolta.
À evidência, compete a cada família escolher em qual ambiente deseja manter seus filhos. Como não se pode prever o futuro, o tipo de educação, de público e de hábitos esperados em cada instituição serão demonstrados na própria forma como ela se posiciona perante a comunidade, na metodologia exposta, em seu histórico e em sua propaganda.
Exemplificando, não há nada fora do comum se determinado colégio de orientação evangélica impedir suas alunas de se maquiarem, ou de uma instituição judaica que proíba o consumo de carne suína, ou de uma escola militar que imponha aos meninos o uso de cabelos curtos, pois é exatamente essa a expectativa dos respectivos públicos.
O fundamento maior para as normas locais de conduta certamente será o regimento escolar, e ali é onde devem estar expostos os hábitos desejados e as limitações, sempre em consonância com a filosofia educacional da instituição.
Fonte: http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/colunistas-ge/celio-muller/445-habitos-e-polemicas-das-regras-de-conduta
acessada em 28/10/2015