quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Como os gestores são escolhidos em outros países

Como os gestores são escolhidos em outros países

Conheça as diferentes maneiras de seleção de diretores em países com bom desempenho escolar em avaliações internacionais


No ranking geral de 2009 do Pisa - sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Alunos -, a Finlândia, a França e o Reino Unido aparecem na primeira metade da lista. Respectivamente, na terceira, na 22ª e na 25ª posição. O Brasil ficou em 53º lugar, entre os 65 países que participaram do exame. Isso faz pensar no que fazer para aprimorar o ensino nas escolas públicas brasileiras (que concentram 85,4% das matrículas na Educação Básica no país) para mudar esse quadro. Alguns especialistas defendem que pôr à frente delas bons gestores é um bom começo. "O despreparo de um diretor afeta diretamente a docência e a aprendizagem de crianças e jovens. É difícil melhorar a qualidade do ensino sem a atuação de um líder pedagógico", diz Elvira Souza Lima, pesquisadora em desenvolvimento humano e consultora em Educação.

Por aqui, o diretor é predominantemente escolhido por eleição ou por indicação (como mostrado nesta reportagem). "São dois sistemas de seleção que valorizam mais o critério político e menos o profissional", opina Marta Luz Sisson de Castro, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Heloísa Lück, coordenadora da pesquisa encomendada pela FVC, acredita que a tendência mundial aponta para a profissionalização: "O que se percebe ao estudar o acesso ao cargo em outros países é que as exigências técnicas e a formação estão cada vez mais presentes nos processos de escolha dos gestores". Para garantir que os mais bem qualificados cheguem lá, a Finlândia, por exemplo, permite a candidatura apenas de quem tem especialização em gestão escolar. Na Inglaterra, exige-se uma formação específica chamada National Professional Qualification Headship. Na França, quem é escolhido para dirigir uma escola de nível equivalente ao Fundamental II e ao Ensino Médio faz uma espécie de imersão: antes de assumir definitivamente o cargo, deve ser diretor assistente por dois anos e passar por cursos que alternam estágio prático e teoria fora da escola. Leia sobre a seleção em outros países abaixo.

Fontes Adrian Ingham (consultor de escolas em Londres), Centro de Informação e Pesquisa do Consulado Geral dos Estados Unidos, Consulado Geral da República da Coreia, Consulado Geral do Chile, Elvira Souza Lima (consultora em Educação), Embaixadas do Canadá, da Finlândia e da França, Eurydice (rede de informação e análise sobre a Educação europeia), Heloísa Lück (do Centro de Desenvolvimento Humano Aplicado), Marta Luz Sisson de Castro (da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), Ministério de Educação do Chile e Ray Tarleton (diretor regional no National College, instituto formador de gestores na Inglaterra).
Mapa: Fábio de Lucca
Canadá As províncias têm autonomia para criar regras próprias de seleção. Em Ontário, a mais populosa de todas, a lista de pré-requisitos inclui ter especialização ou mestrado e um curso de capacitação no Principal’s Qualification Program. Em geral, a seleção mescla entrevista e provas.

Mapa: Fábio de Lucca
Inglaterra O pretendente, que precisa cursar um programa de formação de cerca de um ano, passa por entrevista e provas oral e escrita. Os testes variam de acordo com o perfil de gestor que se procura para cada instituição. O candidato pode ter de analisar um projeto institucional ou participar de debate com os concorrentes.

Mapa: Fábio de Lucca
Espanha Os aspirantes devem ter experiência como professor por cinco anos e apresentar um projeto de gestão para a escola. Quem é escolhido passa por formação inicial e só depois é nomeado. O mandato é de quatro anos e pode ser renovado.

Mapa: Fábio de Lucca
França O nível equivalente ao nosso Fundamental I escolhe o diretor por entrevista realizada por um comitê e precisa ter dois anos de experiência de ensino. Já para as escolas de outros segmentos, os candidatos passam por um concurso de duas etapas, com apresentação diante de uma banca e entrevista.

Mapa: Fábio de Lucca
Finlândia O candidato precisa comprovar experiência como professor, ter especialização em gestão e passar por análise de currículo e entrevista. Ao assumir, tem orientação permanente do órgão público de Educação local, que oferece formação em serviço. Pode ficar no cargo até se aposentar.

Mapa: Fábio de Lucca
Estados Unidos Cada estado define suas normas, mas a maior parte do país exige algum tipo de certificação. A permanência no cargo depende de desempenho e a avaliação dos diretores é feita por conselhos de Educação locais, chamados de School Boards.

Mapa: Fábio de Lucca
Chile Uma comissão qualificadora se forma para definir e anunciar o perfil do profissional desejado para a escola. Os candidatos têm de fazer concurso público e apresentar uma proposta de trabalho para a escola. O mandato é de cinco anos.

Mapa: Fábio de Lucca
Portugal Os candidatos devem ter cursado Administração Escolar e apresentar um plano de ação para determinada escola, pelo qual um deles é escolhido, por voto secreto, pela assembleia eleitoral, que reúne representantes de toda a comunidade escolar. O mandato é de três anos.

Mapa: Fábio de Lucca
Austrália O departamento de Educação de cada estado ou território é responsável pela seleção de seus diretores. Mas é o conselho da escola que comanda o processo. O escolhido assina um contrato de trabalho em que são definidas metas para a escola - pelas quais ele será cobrado.

Mapa: Fábio de Lucca
Coreia do Sul Depois de fazer um curso, o pretendente deve atuar como vice-diretor antes de assumir uma escola. O diretor tem metas objetivas a cumprir e presta contas ao poder público. Pode ficar no cargo quatro anos, com direito a um segundo mandato na escola.

fonte: http://gestaoescolar.abril.com.br/formacao/como-gestores-sao-escolhidos-outros-paises-625376.shtml
Publicado em ABRIL 2011. Título original: Mais profissional, menos político

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