terça-feira, 3 de novembro de 2015

As tendências de consumo e a gestão das escolas

A necessidade crescente de melhorarias na qualidade dos serviços que prestam tem feito com que cada vez mais as escolas sejam geridas com maior profissionalismo. Nesse particular, seus gestores demandam, também em escala crescente, ferramentas que possam lhes oferecer informações confiáveis, pertinentes e relevantes. Esses instrumentos de gestão, a exemplo do que acontece em empresas de outros segmentos, são de fundamental importância para os planejamentos de curto, médio e longo prazos e contribuem com inestimável valia na perspectiva de ajudar o gestor a vislumbrar tendências e cenários que, eventualmente, possam impactar o mundo da educação.
Mas esses instrumentos sozinhos não podem cumprir o papel de qualificar a gestão da escola ou agregar valor aos seus serviços. É importante que os gestores façam a sua parte. Olhar à sua volta com olhos críticos e fixar um ponto no horizonte são atitudes que contribuem muito para essa tarefa. Entender as mudanças sociais, tecnológicas, ambientais e tantas outras é fundamental para perceber o caminho que os consumidores estão trilhando e em que estão se baseando para tomar suas decisões de compra. E é nesse momento que surgem as chamadas tendências de consumo.
Uma tendência de consumo pode ser definida como uma nova manifestação entre os consumidores – no comportamento, na atitude ou na expectativa – de uma necessidade humana fundamental, um desejo ou uma vontade. Ao se atentar às tendências de consumo, pode-se identificar melhor as demandas emergentes ainda não atendidas. Um novo comportamento, uma nova atitude ou opinião, uma nova expectativa. Qualquer um deles pode ser base para uma tendência de consumo, a qual é particularmente importante quando buscamos inovar, nos antecipar ao mercado e projetar situações que poderão impactar diretamente o negócio.
O segmento educacional tem sido, nos últimos anos, impactado pelas mudanças do ambiente, por uma nova maneira de olhar o mundo e, principalmente, por uma forma diferente de as pessoas tomarem suas decisões de compra. O ensino a distância (EaD), por exemplo, é a maior prova disso. Ele emergiu quando as pessoas começaram a dar grande valor à comodidade, à flexibilidade e à simplificação dos processos. Isso gerou mudança de hábitos de compra em outros segmentos e, como decorrência, também na educação. Antes, para assistir a uma aula ou participar das atividades de aprendizagem, era preciso ir à escola. Com a revolução tecnológica e a disponibilização de facilidades para executar tarefas a distância (como pagar contas e requerer uma segunda via de documentos), essa facilidade foi também incorporada pelos consumidores que compram serviços educacionais e/ou realizam tarefas, como adquirir conhecimentos.
No caso dos gestores educacionais, entretanto, é preciso atenção para distinguir os modismos das tendências. Os primeiros são passageiros, vão e vêm. Já as tendências emergem e se desenvolvem. Isso significa que elas surgem quando uma mudança externa desbloqueia novas maneiras de atender antigos desejos e necessidades humanas. Na verdade, elas apontam direções e caminhos.
Outro fato corriqueiro nos processos de gestão é confundir tendências com pesquisas. A pesquisa de mercado tradicional é essencialmente um olhar para trás, uma vez que é realizada com base em dados colhidos sobre hábitos de consumo já praticados, no presente ou no passado. E mais: a pesquisa é normalmente limitada pelo que os próprios consumidores conseguem articular sobre suas necessidades, seus desejos e seus comportamentos. Ou seja, elas não conseguem olhar muito além do que a sua realidade apresenta, porque o próprio consumidor, muitas vezes, não tem ideia do quanto as coisas poderiam ser diferentes. Um bom exemplo é nos lembrarmos do que inovadores como Henry Ford e Steve Jobs pensam a respeito. É oportuno ressaltar que dados são importantes e podem dar suporte à análise de tendências, porém não são verdades em si mesmos.
A grande vantagem de vislumbrar as tendências é que a educação é um processo de longo prazo e a validade de seus serviços, na maior parte dos casos, só será constatada anos depois. Nesse particular, como lidar com as tendências de consumo se novos produtos e serviços e novas campanhas não deixam de ser “apostas no futuro”? A resposta é que, de uma maneira ou de outra, hábitos de consumo modelam a forma pela qual se tomam decisões de compra e, mais que isso, ajudam a entender o processo que leva a elas. Os valores e o tipo de conhecimento que integram esse processo são particularmente importantes não só para trabalhá-los nos processos de desenvolvimento pessoal, mas também para promover inovações. Estas, por sua vez, trazem em seu bojo rupturas significativas que podem demandar novos conhecimentos, novas habilidades e atitudes. E isso tem tudo a ver com a educação.
O fato é que, seja qual for a ferramenta adotada pelo gestor, é sempre bom lembrar que há muitas variáveis envolvidas no trabalho de avaliar tendências. Nesse aspecto, o bom gestor deverá centrar o foco não só nas tendências em si, mas principalmente nas oportunidades que elas sinalizam. Tendências são apenas sinais e caminhos que, no fundo, servem a um propósito maior: a busca por inovação. Para uma escola, tanto na ótica da gestão quanto do produto, conhecer as demandas futuras implica antecipar medidas gerenciais, criar modelos de funcionamento e oferecer diferenciais que considerem as ofertas de valor como ponto principal de decisão de compra. É aí que a escola ganha competitividade e se torna proativa.  
Mas quais tendências usar? Quando as usar? Bem, isso depende de você, caro gestor. Comece por conhecer bem sua própria marca, os valores que ela pretende transmitir, seu público e projeto educativo, suas capacidades e seus potenciais consumidores. Adapte-se à tendência de acordo com isso e deixe que as necessidades e os desejos emergentes dos consumidores sejam sua âncora.

Fonte:http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/colunistas-ge/marcelo-freitas/1069-as-tendencias-de-consumo-e-a-gestao-das-escolas
acessado em 03/11/2015

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