quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Como a Escola 3.0 pode renovar a educação

“No atual modelo de ensino, o professor dá o método de estudar e os alunos o fazem. No modelo que proponho é o contrário: são eles quem criam o método”, diz Sugata Mitra, professor na Universidade de Newcastle e docente visitante do Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos. A interconectividade, propiciada pelas novas tecnologias, fez emergir um novo jeito de aprender, baseado na troca de experiências e conteúdos entre as pessoas. A investigação e a colaboração estão na pauta como motores de aprendizagem.
Com tantas ferramentas à disposição para aprender e compartilhar, a geração Y exige das escolas uma veloz revolução nas metodologias de ensino capazes de sedimentar uma estrada sólida para a Educação 3.0. Esse termo, para quem desconhece, foi usado pela primeira vez em 2007 por Derek Keats, professor da Universidade de Witwatersrand, de Joanesburgo (África do Sul), como reconhecimento do aprendizado por meio de métodos formais ou informais; da reutilização de conteúdos de aprendizagem e do impacto, na educação, do aprendizado colaborativo e personalizado.
Entretanto, apesar das novas possibilidades no processo de ensino e aprendizagem, as escolas, os educadores e os gestores ainda encontram dificuldade em colocar em prática um novo jeito de “fazer acontecer”. A experiência tem mostrado que o gatilho do processo consiste em despertar o interesse do aluno pelo tema apresentado. Nas palavras de Mitra, será preciso provocar o desconhecido e permitir, definitivamente, a utilização da ferramenta de que eles mais entendem (e veneram): a tecnologia.
Na Educação 3.0, a escola é um local em que “alunos e professores produzem em conjunto, empregam ferramentas tecnológicas apropriadas para a tarefa e aprendem a ser curiosos e criativos”. Um exemplo é o Connecting Classrooms, programa global pioneiro do British Council. Trata-se de um excelente exemplo de como a educação do século XXI pode derrubar fronteiras por meio do uso das tecnologias digitais. O projeto visa formar cidadãos com uma visão mais global acerca da realidade de outros países e, assim, prepará-los para os desafios futuros. Para isso, conecta e estimula a troca de experiências e conhecimento entre estudantes dos ensinos fundamental e médio dos quatro cantos do planeta, por meio de um sistema de parceria entre as escolas.
Preparar os estudantes dessa nova geração para o mercado de trabalho é outra questão que irá exigir – e já está exigindo – nova postura dos educadores, que deve ser orientada para a sociedade do conhecimento. Uma boa forma para entender isso é olhar o atual processo seletivo de trainees de grandes empresas: podem concorrer às vagas estudantes dos mais variados cursos, e não somente aqueles diretamente relacionados à área de atuação da companhia. E isso vale tanto para empresas nascidas já na era da internet quanto para as cinquentenárias. Nesse sentido, o impacto desse novo modo de aprender é igualmente revolucionário para os próprios educadores.
A Educação 3.0 tem criado uma mobilização em todo o mundo e originado comunidades de educadores e gestores educacionais, oferecendo-lhes a oportunidade de trocar experiências e conteúdos de maneira sem precedentes. Nas palavras de Paulo Freire: “Ninguém ignora tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre”.
Com essa integração digital, ganham espaço novas ferramentas, como as redes sociais “fechadas”. O conceito de rede social é o mesmo já conhecido, porém, nesse caso, o ambiente é voltado para o crescimento e o desenvolvimento colaborativo de seus integrantes, capaz de proporcionar a troca de informações, conteúdos e completa interatividade entre os diversos públicos da comunidade educativa ou empresarial.
O propósito é oferecer, de maneira simples e descomplicada, informação qualificada e inteligente para a tomada de decisões estratégicas, apoiada nos conceitos de conveniência, facilidade, relevância e pertinência. Por meio da interação propiciada pela ferramenta, estudante, gestor ou educador recebem e trocam, em ambiente seguro e restrito, as informações que contribuem para o processo de aprendizagem em suas escolas.
Nesse novo ambiente educacional, o professor não somente ensina, mas principalmente aprende. Ele deve estar pronto para lidar com alunos e famílias cada vez mais conectados e informados e que, muito mais do que mestres, querem encontrar mentores capazes de facilitar o processo de aprendizado dos alunos e que estejam aptos a direcioná-los  à solução de problemas que enfrentarão na construção de uma sociedade melhor. Assim, é preciso aperfeiçoar o curso de Pedagogia e também capacitar professores, mas com foco em resultados. Fazer com que o aprendizado e os investimentos em capacitação se transformem, de fato, em resultado para os alunos. Vamos partilhar e aprender!

Fonte:http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/colunistas-ge/marcelo-freitas/1000-como-a-escola-3-0-pode-renovar-a-educacao
acesso em 04/11/2015

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