quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Uma nova gestão escolar

Valorização dos profissionais, organização do tempo e do espaço escolar, ampliação da jornada, projeto político-pedagógico... Itens sempre presentes quando se fala na gestão da escola pública, mas que podem se estender a todas as escolas. O assunto foi tema do I Seminário Internacional de Boas Práticas em Gestão Escolar, realizado em 2014, em Brasília, pelo Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed). Um dos pontos debatidos foi a importância da gestão participativa. Para a professora Yvelise Freitas de Souza Arco-Verde, professora do Departamento de Planejamento e Administração Escolar da Universidade Federal do Paraná (Deplae/UFPR), na época diretora de Apoio à Gestão Educacional da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC)a gestão escolar se constituiu, nos últimos anos, em uma das temáticas mais importantes, no sentido de transformar a educação com base na realidade que se tem na escola. “É exatamente na figura do diretor escolar que se promove essa gestão, uma gestão democrática, colegiada e que vai fazer a diferença na educação”, afirma a professora.
Já para Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco, é preciso coerência entre os pontos operacionais, táticos e de rotina no ambiente escolar. “Esses pontos articulados como princípios, competências e requisitos são uma combinação que dá maior ou menor qualidade na gestão. E gestão de qualidade está associada, necessariamente, a resultados”, enfatiza. Ele completa que esses resultados estão inseridos no propósito fundamental da educação, que é o foco no aluno, a fim de que ele tenha acesso, permaneça e retorne à escola e haja resultado de aprendizagem e de equidade. SegundoHenriques, são justamente nesses pontos que estão os desafios da gestão contemporânea.
A professora Yvelise comenta ainda que a análise de resultados dos processos avaliativos internos da escola e da avaliação em larga escala pode e deve ser considerada referência para o planejamento participativo, assim como indutor de políticas educacionais necessárias às demandas da escola e da educação. Mas, para efetivar a aprendizagem a todos os alunos, é preciso garantir a formação continuada dos profissionais da escola, com foco no conhecimento das matrizes teóricas e legais referentes às políticas curriculares como base para mudanças e inovações. Yvelise ainda chama atenção para o fortalecimento dos canais de participação dos pais e dos estudantes na escola, considerados sujeitos ativos do processo educativo.
Diagnóstico
A análise das avaliações educacionais externas e internas para orientar as ações pedagógicas também é considerada por Ricardo Henriques um fator essencial para a gestão escolar eficiente. “Trata-se de um desafio que pressupõe capacitação dos gestores para o uso dos indicadores em suas práticas. As avaliações devem servir de parâmetro para a construção de um diagnóstico adequado, baseado em evidências empíricas quantitativas e qualitativas. Diante do diagnóstico, o gestor precisa definir metas concretas e tangíveis para a aprendizagem dos estudantes”, afirma. Henriques lembra que cada secretaria de Educação precisa desenhar um plano que sirva de baliza para os objetivos de aprendizagem dos estudantes daquela rede de ensino. “A secretaria [de Educação] tem a responsabilidade de [obter] uma visão do conjunto da rede e, portanto, deve fornecer a cada escola metas a serem alcançadas”, defende. A direção da escola tem a responsabilidade de analisar, comentar e criticar as metas sugeridas pela secretaria e, finalmente, definir o compromisso de realização das metas, de modo articulado com a participação ativa de professores, profissionais da educação, estudantes e familiares. O especialista destaca ainda que as metas devem considerar os fatores determinantes e o contexto específico de cada escola. E, ao final, é desejado um alinhamento entre as metas individuais de cada escola e as metas globais da secretaria, uma vez que a rede de ensino precisa avançar em conjunto.
Para enfrentar o desafio de assegurar uma educação de qualidade para crianças e jovens do Brasil, são necessários esforços em várias frentes. Entretanto, a gestão estratégica orientada para resultados de aprendizagem e de equidade, traduzida em sua dimensão tática de operação de um plano de ação global e consistente, com rebatimento na gestão eficiente da rotina dos recursos pedagógicos, humanos, financeiros e de infraestrutura, tem peso crucial nessa equação e influencia direta e qualitativamente a aprendizagem dos estudantes.
Fonte:http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/reportagens/gestao/1214-uma-nova-gestao-escolar
acessado em 11/11/2015

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