terça-feira, 15 de setembro de 2015

Dúvidas sobre o trabalho do diretor

Maura Barbosa responde questões sobre o trabalho do diretor

A consultora de GESTÃO ESCOLAR esclarece dúvidas sobre o trabalho do diretor

Quais são as principais competências do diretor?
SANDRA MELOTTO, Machado, MG
Ele responde pela escola nas esferas pedagógica, jurídica e judicial. Portanto, é quem assina embaixo de todos os resultados da instituição nas avaliações internas e externas, atribuindo sentido e significado para os dados junto com o coordenador pedagógico. Dessa maneira, a equipe terá referências para melhorar a prática e fazer com que os alunos avancem. Esse profissional também é responsável pela administração dos recursos humanos, materiais e financeiros, pela manutenção da infraestrutura, pela valorização do planejamento e pelo contato com a comunidade externa. Nas esferas jurídica e judicial, o diretor é incumbido de garantir o cumprimento dos 200 dias letivos, como previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), do regimento interno, de fazer ajustes no projeto político-pedagógico (PPP) e de lidar com questões legais. É bastante trabalho e para dar conta de tudo é fundamental que ele tenha uma equipe bem articulada e saiba delegar tarefas.

Até onde vai a responsabilidade pedagógica do diretor? Como ele pode equilibrá-la com a função administrativa? 

ANDERSON DE ANDRADE LIMA, Caruaru, PE
Ele precisa assegurar as condições necessárias para que o processo de ensino e aprendizagem tenha sucesso. Parceiro do coordenador, responsável pela formação dos professores e pelo acompanhamento das práticas pedagógicas, ele deve compartilhar seu olhar externo à sala de aula, garantir momentos de aprofundamento das discussões sobre o fazer docente e assegurar o acesso a todos os recursos para que os profissionais façam seu trabalho. O gestor é, portanto, o maior articulador e incentivador da qualificação profissional, o que terá impacto direto na aprendizagem dos alunos. Sendo assim, ele não pode concentrar todos os esforços na função administrativa e não pensar no pedagógico, pois as duas esferas andam juntas.

Como organizar o calendário escolar e definir as ações que serão realizadas ao longo do ano? 
MIRIAM ROSÁRIO, Quatipuru, PA
Numa escola pública, o calendário está sempre atrelado ao da Secretaria de Educação municipal ou estadual. No entanto, ao elaborar o planejamento do ano, o diretor deve reunir a equipe para definir atividades e projetos que dialogam com a realidade da comunidade. Isso significa que a agenda de cada escola se adéqua ao contexto em que ela está inserida. Também é importante prever horários para as formações em serviço e datas para as reuniões de pais. Tudo isso precisa ser feito sem prejudicar o número de horas-aula e de dias letivos. Com as ações previstas em mãos, o gestor deve compartilhar o documento com professores, funcionários, alunos e familiares. Assim, todos podem acompanhar o que será desenvolvido.

Como preparar uma reunião de pais e envolvê-los na escola?Mirian Marcos, Joinville, SC 
Você precisa assegurar que eles tenham condições de estar presentes nas atividades propostas. Soube de uma iniciativa bacana para atingir esse objetivo, realizada pelos diretores de Canaã dos Carajás, a 764 quilômetros de Belém, onde faço formações. Lá, um mapeamento dos dados das fichas de matrícula mostrou que mais familiares poderiam comparecer à noite e as reuniões foram mudadas para esse período. A alteração garantiu uma média de 80% de presença no encontro de começo de ano. Além de ajustar o horário, é necessário pensar em maneiras de fazer com que a família se sinta acolhida e participe de fato desse momento. Para isso, planeje todos os detalhes com a equipe, desde a recepção até a pauta de discussão, inserindo temas de interesse dos convidados e explicações sobre o trabalho feito em sala de aula. E lembre-se: nada de usar esse tempo para queixas ou para culpar as famílias. A intenção é fazer com que os pais entendam o valor da Educação.
Qual o papel do diretor na organização dos espaços e dos materiais para que o momento da brincadeira seja garantido?
Marinês Buzato, Venda Nova do Imigrante, ES 
Inicialmente, o diretor precisa entender a importância do brincar para o desenvolvimento das crianças. Ao compreender isso, a organização dos espaços destinados a essa prática passará a ter sentido e significado. A responsabilidade do gestor é, então, assegurar as condições para que as brincadeiras tenham ambientes e materiais exclusivos. A equipe pode ajudá-lo a levantar o que a escola já possui e o que ainda precisa ser adquirido. 

Devemos fazer um teste com os alunos no início do ano e usar o resultado para dividir as turmas por nível de desempenho? 
Allan de Lima, Macaparana, PE 
Eu considero isso um equívoco. No início do ano, o comum é fazer um diagnóstico inicial para que os professores e o coordenador consigam tomar decisões didáticas e pensar sobre as atividades. No entanto, esse diagnóstico nada tem a ver com a divisão das turmas por nível de desempenho. Estudos de grandes especialistas, como Lev Vygotsky (1896-1934), mostram a importância da interação entre os alunos, sobretudo em grupos heterogêneos, pois a troca é essencial para a construção do conhecimento. No planejamento, são feitos os ajustes dos desafios, levando em consideração os graus de complexidade que podem ser propostos. Certa vez, tive contato com uma diretora que, antes de terminar o ano letivo, já começava a selecionar as crianças para formar as classes. Ela só foi perceber quanto isso poderia ser prejudicial quando se aproximou do coordenador pedagógico da instituição e refletiu sobre o processo de ensino e aprendizagem. Começar o ano promovendo essa divisão, Allan, colabora para discriminar os estudantes e desestimulá-los.

Fonte: http://gestaoescolar.abril.com.br/administracao/maura-barbosa-responde-questoes-reuniao-pais-espaco-materiais-diagnostico-inicial-877100.shtml
Acessado em 15/09/2015

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