quinta-feira, 12 de maio de 2016

Diferenciais da escola X custos

Diferenciais da escola X custos

Escrito por Vinicius Boreki
Há diversas equações de difícil resolução na gestão de empresas. Cada negócio e setor contam com suas próprias particularidades. Especificamente no universo da educação, é preciso criar diferenciais que convençam os clientes (pais ou estudantes) a apostarem em uma instituição de ensino em detrimento de outra. E, embora seja necessário terminar os meses no azul, o corte de custos costuma afetar justamente os principais argumentos perante a concorrência: os diferenciais de cada instituição. Não à toa, para seis em cada dez gestores administrativos de escolas, a “conciliação entre os diferenciais e seus custos” está entre os principais motivos de preocupação para 2016. Foi o que revelou o estudo O cenário da gestão escolar no Brasil, realizado em agosto de 2014 pela Comunidade Internacional de Cooperação na Educação – Mind Group, que contou com a participação de gestores de instituições de ensino de 19 estados do Brasil. Na pesquisa, a dificuldade para obter equilíbrio na busca por diferenciais obteve 23% dos votos dos administradores, atrás apenas do receio da inadimplência, que somou 26% dos votos.
Francisco Antônio Serralvo, diretor e professor da Faculdade de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (FEA/PUC-SP), que desenvolve estudos sobre o comportamento do consumidor, salienta que a educação é um dos campos que costuma enfrentar mais dificuldades em momentos conturbados da economia. “As pessoas acabam tendo que reduzir seus orçamentos e, infelizmente, a educação, em muitos casos, entra nessa lista de cortes. Embora devam ser encarados como investimento, e não como despesa, no geral, os estudos são deixados de lado por absoluta falta de condições de compor o orçamento doméstico com eles”, explica Serralvo. Por esse motivo, ele considera prudente a preocupação dos gestores das escolas em relação à necessidade de manutenção dos diferenciais a um custo acessível, tentando encontrar o equilíbrio de gestão nesse momento de instabilidade na economia nacional. “Não há dúvida de que estamos em novos tempos. As instituições privadas estão tendo que se adaptar a uma nova realidade de menos recursos disponíveis na sociedade. Trata-se de uma preocupação concreta com algo que já afeta o desempenho econômico das instituições e sobre a qual não se vislumbra perspectivas de melhora em médio prazo”, analisa o professor.
Avaliação da concorrência
Outro aspecto que precisa ser avaliado pelos gestores, na opinião de Serralvo, é o posicionamento da concorrência, o que interfere diretamente no mercado. “De maneira geral, o consumidor modula seu processo decisório tomando como base a premissa do ‘custo X benefício’. Portanto, quanto melhor o resultado dessa equação, maior a atratividade da instituição de ensino”, esclarece, lembrando sobre a importância de acompanhar a evolução do mercado para tomar decisões. Além disso, o diretor ressalta que a educação está sujeita aos critérios subjetivos adotados pelos pais, visto que se trata de um serviço intangível – ou seja, de difícil mensuração e comparação –, o que exige ainda mais esforço de cada instituição e reduz a possibilidade de oferecer uma receita única como solução.
Análise dos serviços
Em administração, a conta é simples: se não é possível aumentar a receita, é necessário reduzir custos. Alguns dos aspectos a serem levados em consideração pelas instituições de ensino são a análise dos serviços oferecidos e se há algum aspecto específico que realmente se trata de diferencial ou de tendência rápida, que desaparecerá com o tempo (e que, portanto, pode ser cortado caso a economia seja necessária). Por isso, segundo o especialista, o ideal é que se faça uma avaliação dos serviços ofertados e verifique-se se há necessidade em manter tudo que atualmente é oferecido. Para isso, deve-se focar especialmente no tipo de mensagem que esses serviços agregam à escola e se estão criando, efetivamente, diferenciais.
Qualidade de ensino
É importante lembrar que, embora criatividade, novas possibilidades e conhecimentos sejam vistos como diferenciais, o principal atrativo de uma escola é a qualidade do ensino. Nesse sentido, o corte de professores – apesar de ser uma redução de custos – pode não ser a melhor opção. “Aumentar o número de alunos em sala de aula – outra possibilidade – é um caminho tão ruim quanto reduzir os professores. A maneira mais usual é buscar agregar a prestação de serviços na área educacional”, afirma diretor. “São medidas que ajudam na composição de resultados”, complementa.
Demanda da clientela
Outro ponto destacado pelo professor é compreender os aspectos mais buscados pelos pais e pelos alunos e incorporá-los ao serviço. “A melhor preparação sempre será aquela que consegue conciliar conhecimento com competência – entendida, aqui, como capacidade de realização. Logo, a demanda latente na área de ensino é a capacidade da instituição de colocar profissionais competentes no mercado”, diz Serralvo. Ele sugere que a mensagem passada pela escola a fim de convencer os pais esteja focada nos critérios usados por eles para a escolha, algo que pode ser identificado por meio de pesquisas presenciais ou e-mail.
Dicas para conciliar diferenciais e custos na escola
A Comunidade Internacional de Cooperação na Educação – Mind Group – sugere algumas dicas para os gestores enfrentarem os problemas relacionados à conciliação dos diferenciais da escola e de seus custos. Veja-as a seguir.
- Identifique seus diferenciais –realize pesquisas com pais, seja por e-mail, seja presencialmente, e busque identificar quais aspectos são levados em conta e considerados atrativos;
- Concentre os esforços –seguindo a linha de “fazer mais com menos”, concentre seus esforços nas ações e nos serviços identificados como pontos fortes de sua instituição;
- Diferenciais podem minimizar despesas – dê prioridade a diferenciais que ofereçam benefícios tanto aos alunos quanto, se possível, a outros âmbitos da instituição;
- Benefícios duradouros –os investimentos devem gerar benefícios duradouros, por isso, na hora de apostar em gerar diferenciais, evite esforços de impactos imediatos ou modismos, pois geralmente a percepção de valor dessas iniciativas cai rapidamente.

Fonte:http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/especiais/negocio-educacao/1425-diferenciais-da-escola-x-custos
acessado em 12/05/2016

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